sexta-feira, 15 de abril de 2011

Bailarinos cubanos "para exportação" ganham destaque mundial
Por Reny Martínez
HAVANA (Reuters) - Em uma velha mansão colonial em Havana, uma bailarina lendária e quase cega dirige, com coragem inusitada, uma companhia clássica de balé que produziu um conjunto de bailarinos virtuoses que estão fazendo sucesso em todo o mundo.
A mundialmente conhecida Alicia Alonso, 83 anos, dirige o Balé Nacional de Cuba (BNC) com a ajuda de outros bailarinos e professores prestigiosos, sem falar na destreza técnica e artística nascida do talento e do treinamento rigorosos.
A jovem escola de balé cubana nasceu em 1948 e aproveita o melhor das companhias mais antigas, especialmente a russa, a francesa e a inglesa, somado a um toque de sensualidade caribenha mestiça.
O grau de desenvolvimento alcançado pelo balé cubano surpreende aos amantes da arte distantes da pequena ilha comunista, que tem 11 milhões de habitantes. Os jovens bailarinos cubanos vêm despertando o interesse de empresários, diretores e coreógrafos famosos.
Carlos Acosta, 31 anos, é o primeiro bailarino do Royal Ballet de Londres e na temporada 2003-2004 foi considerado o melhor dançarino da Grã-Bretanha.
De origem humilde, o mulato Acosta é incluído no rol dos maiores bailarinos mundiais, como os russos Rudolf Nureyev e Mikhail Baryshnikov.
José Manuel Carreño, 37 anos, foi o bailarino principal do American Ballet Theatre (ABT), de Nova York, durante quase dez anos e é descrito pelo diretor artístico da companhia, Kevin McKenzie, como "um cruzamento entre um príncipe e um felino".
Outras grandes companhias de balé espalhadas pelo mundo ostentam entre seus "principais" alguns bailarinos cubanos, tais como Lorna Feijóo e seu marido, Nelson Madrigal, no Boston Ballet, e sua irmã, Lorena Feijóo, no San Francisco Ballet, onde o ex-bailarino Jorge Esquivel trabalha como professor.
E a América Latina também se mostra receptiva à contribuição artística da escola cubana de balé. Há mais de 15 anos, destacados bailarinos, professores e coreógrafos cubanos trabalham em companhias de balé do Chile, Argentina, Uruguai, Brasil e México.
"Temos algo diferente em nossa maneira de dançar", disse Carreño, que recentemente recebeu o prêmio Dance Magazine 2004 por sua contribuição para o balé. "Talvez nos diferenciemos pela maneira expressiva como nos projetamos na dança. Fomos treinados para sermos viris e cavalheirescos."
"Dos prêmios que já recebi em minha carreira, este (Dance Magazine) foi o que me deu mais emoção e satisfação, porque sou o primeiro cubano que o recebe desde Alicia Alonso, em 1958."
ÍCONE DO BALÉ
Uma das maiores bailarinas da história do balé mundial no século 20, Alicia de la Caridad Martínez del Hoyo -- que se tornou Alonso quando adotou o sobrenome de seu primeiro marido -- foi estrela do ABT em Nova York nos anos 1940 e desde o início se "apropriou" do papel principal de "Giselle", quando acabava de recuperar-se de um desprendimento da retina, aos 23 anos.
A matriarca do balé cubano não deu ouvidos aos conselhos médicos e preferiu continuar dançando até quase ficar cega. Primeira bailarina absoluta, ela só pendurou as sapatilhas com quase 70 anos.
Sua técnica deslumbrante inspirou coreógrafos famosos para criar obras para ela no ABT. Ela foi a primeira dançarina das Américas a dançar com os balés de Bolshoi e Kirov na segunda metade do século 20.
Em 1959, com o apoio moral e financeiro do líder cubano Fidel Castro, ela e seu ex-marido Fernando Alonso, pedagogo emérito que hoje tem mais de 90 anos, converteram o estatal Balé Nacional de Cuba numa companhia de categoria mundial

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